quarta-feira, 25 de maio de 2011

Cesárea aumenta em 58% risco de obesidade

Pesquisa da USP comparou peso de 2.000 pessoas nascidas de parto normal ou cirúrgico

Márcia Ribeiro/Folhapress
A vendedora Ana Cláudia de Castro, 32, de Ribeirão Preto (SP), que nasceu de cesárea

JULIANA COISSI - DE RIBEIRÃO PRETO

         O risco de ficar obeso na idade adulta é 58% maior para quem nasce de cesárea do que de parto natural. A conclusão é de pesquisa que acompanhou 2.057 pessoas no nascimento e os 25 anos de idade, organizada pela USP de Ribeirão Preto e publicada no "American Journal of Clinical Nutrition".
         Um motivo possível para essa relação é que, na cesárea, o bebê não entra em contato com a flora vaginal da mãe, como no parto normal.
        A falta de contato pode afetar a formação da flora intestinal, facilitando a obesidade, segundo a gastroenterologista Helena Goldani, uma das autoras do trabalho.
         Outros estudos já mostraram que crianças com menor quantidade de bactérias "boas" para a flora intestinal no primeiro ano de vida eram mais obesos aos sete anos. Os pesquisadores da USP decidiram, então, avaliar a hipótese em adultos.
        Um grupo de jovens nascidos em 1978, cujos dados de parto haviam sido registrados, foi convocado para uma nova avaliação feita entre 2002 e 2004.
       Os jovens, com idades entre 23 e 25 anos, foram pesados e responderam a questões sobre atividade física e alimentação, entre outras.
        Dos que nasceram de cesárea, 15,2% tinham índice de massa corporal acima de 30, que indica obesidade. Entre os nascidos de parto normal, 10,4% eram obesos.
        São casos como de Ana Cláudia de Castro, 32. Ela nasceu de cesárea e diz sempre ter "brigado" com a balança.
        "Consigo emagrecer, mas, depois, ganho peso."
        Agora, os pesquisadores vão analisar a flora intestinal de bebês nascidos de parto cesariano. Eles estão coletando fezes de bebês que hoje têm um ano.
       Fábio Ancona, pediatra nutrólogo da Unifesp, diz que o resultado da pesquisa serve como alerta, porque o Brasil é "recordista" de cesáreas.
Lancet: Panorama da saúde pública no Brasil
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